Essa semana foi uma das piores em termos de altas temperaturas no Rio de Janeiro. Diboua, fritava um ovo fácil no asfalto da Quinta da Boa Vista. Sensação térmica de 50°C!? Quequéisso, Brasil? Podia ficar com o lindo céu azul mas com uns 10 graus à menos. Ouvi que a incidência de raios solares está no topo por esses dias. Tenho uma relação de ódio com o Astro Rei, até porquê, só me proporcionou experiências traumáticas nessa vida, compartilhadas nos dois episódios a seguir:
Trauma 1
Tinha uns 9-10 anos. Em Rio Grande temos a Praia do Cassino (a maior em extensão do mundooo!! tá lá no Guiness!*), e como minha família nunca teve casa na praia, o negócio era dirigir 18 km e farofar com força: isopor, frutinhas, lanchinhos (ao menos nunca tivemos o fatídico combo: frango com farofa, mas de resto…), cadeiras de praia, 2 pranchas de body board (uma minha e outra da minha irmã, meu pai comprou quando esteve aqui no Rio fazendo um curso. detalhe: as pranchas eram do nosso tamanho. e pesadas. imaginem o tanto de caldos que tomei nessa época) e toda a parafernália para passar o dia todo na praia. Detalhe: tudo isso mais cinco pessoas dentro de um Passat!
Era um belo dia de sol (provavelmente um domingo) e fomos aproveitá-lo na praia. Passei literalmente o dia inteiro dentro d’água. Lembro de só ter saído uma única vez para comer uma maçã. Minha mãe bem que tentou me tirar do mar inúmeras vezes para repassar o bloqueador solar, mas em vão. O dia acabou, voltamos para casa.
Resultado? Torrei braços, ombros, parte das costas e cabeça/rosto. Aí né, festival de caladryl até a alma. E fui dormir.
No meio da madrugada acordei e me apavorei. Não enxergava absolutamente na-da! Breu total! Esperei alguns minutos para me acostumar com a escuridão… e nada! Bateu um desespero e comecei a chamar pelos meus pais:
– PAAAAAAAAAI, MÃAAAAAAE, SOCORRO, TÔ CEGA!!!
Acordei a casa inteira por conta do fiasco. Meus pais chegam correndo no quarto e me encontraram sentada na cama com os braços esticados tentando tatear alguma coisa. E continuei falando alto e sem noção de velocidade, desesperada mesmo. Eles acendem a luz e não fez muita diferença para mim. Sabem o que era, amiguinhos?
Meu rosto era uma bola de basquete de tamanho inchaço! Inchou à ponto de fechar meus olhos! Minha mãe fez incontáveis compressas de água boricada para tentar conter o estrago.
A lembrança que ficou depois desse episódio foi passar mais de um mês sem poder sair de casa (meus irmãos também entraram nessa brincadeira), e sem poder entrar em contato com a claridade também. Só de ter que franzir os olhos doía…
Trauma 2
2009, 7 de março. Praia de Ipanema, Rio de Janeiro/RJ.
Moro no Rio de Janeiro há dois anos e meio e nunca tinha ido à praia por essas bandas (exceto pelas duas idas à Copacabana na virada do ano e na Ilha de Cabo Frio em julho de 2008, mas aí foi à trabalho :P). Não sou muito fã mas sempre que fui curtia ficar dentro d’água (mas com a idade peguei frescurite de qualquer bicho que aparecesse) ou jogar (volley, frescobol, peteca) na beira da praia. Nunca fiz o requisito pra dar uma de frango assado na cadeira. Boooring to death.
Apesar disso tudo, minha amiga Marina me convida pela 614269a. vez para acompanhá-la (Ela, tão desprovida de melanina quanto eu). Combinamos de chegar cedo (entre 7:00-7:30) para sair antes do meio-dia, por razões óbvias.
Só que… começamos fazendo errado.
Estava nublado naquele dia. A gente sabe que mesmo em dia nublado tem que se proteger do Sol, aquele sacana sempre arruma um jeito de escrotizar com a pele da geral. Mas… falhamos epicamente.
Antes de sair de casa me besuntei com bloqueador fator 50 no corpo e 60 no rosto, levei boné. Okei. Chegamos e tratamos de alugar duas cadeiras de praia, até porque pegar ônibus (ou qualquer meio de transporte público) com cadeira de praia debaixo do braço é a derrota total. Num dá!
Mas não pegamos o essencial: o guarda-sol! “ah, daqui a pouco a gente pega”. O dia estava bastante agradável, de vez em quando batia uma brisa. Choque cultural foi ver pombos no meio da areia. (Nojento, define.). Marina viu (porque eu, avoada pra vida quando fui olhar o cara já tinha passado) o André di Biase correndo. Conversa vai, conversa vem, o sol dá uns leves sinais de que vai chegar com tudo. E as duas lá, fanfarronas.
Lá pelas 10 da manhã toca o telefone da Marina, e é uma colega nossa dizendo que ia para a praia com a mãe e nos pediu para esperá-las. Tá, né. “Mas não vamos ficar até tarde, né?” “Não.” O tempo abriu e finalmente decidimos pegar um guarda-sol.
Só que elas demoraram para aparecer, já era mais de 11:30. Daí pra não sair correndo a gente faz uma sala básica, agora todas embaixo do guarda-sol, mas olha, o meu estrago já tava feito. Nos despedimos e saímos para almoçar. No caminho fui percebendo que estava começando a ficar muito vermelha. Era como se a minha pele tomasse o tranco todo duma vez sem esboçar reação, e foi só sair da praia para ver a fúria de uma cútis castigada pelo sol, my friends. Nem precisa dizer que nesse estágio até respirar dói.
Cheguei em casa e tomei um susto: estava toda desigualmente queimada (ainda pago esses ridiculos ¬¬). Depois foram semanas de aloe vera e toda a sorte de hidratantes para a contenção de danos. E pra fechar com chave de ouro, passei esse tempo todo – e até hoje – ouvindo piadinhas do namorado, dizendo que foi CARTIGO de eu ter ido à praia sem ele (não foi por falta de convite, né, bonitão?).
The End.
* Wikipedia acabou de destruir o motivo de orgulho de uma vida inteira! Vocês não estão en-ten-den-do!